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21 de julho de 2014

A garota do piano azul

Ela estava ali, tocando músicas espontâneas, daquelas criadas na hora, sabe? Ninguém sabe quem ela é, por isso a chamam de "A garota do piano azul".
Simplesmente chega, como quem não quer nada, senta e começa a tocar, contando histórias tristes, deprimindo todo mundo. Ela tem o dom de nos fazer chorar com seus personagens que sempre morrem no final.
Ela tem o dom de nos fazer pensar em pequenos detalhes, aqueles que pareciam insignificantes, mas que em uma singela história, significam muito mais do que somos capazes de enxergar assim de pronto.
Sabe o que ela cantou uma vez? A serenata de um piano triste. Exatamente. Essa serenata costumava criticar o fato do piano ficar ali, por anos, criando poeira e só ter utilidade quando ela entra no cômodo. Ela deu uma cor a ele: azul anil. E deu sentido ao que antes era apenas um enfeite ignorado por pessoas que não se prezam a arriscar, a se descobrir, mas para criticar costumam ser boas até demais. Pena que não ganham nada com tamanho senso crítico.
Uma vez ela compôs uma música para mim, descrevendo cada gesto, cada coisa que eu fazia. Inclusive quando a encarei. Ela só cantava e tocava. Nasceu para isso. Morreria por isso.
De onde vem esse talento todo? Talvez das nuvens, ou das estrelas. Quem nasce para brilhar, nunca se estressa com o que faz.
Mas quem sou eu para dizer alguma coisa? Uma invejosa qualquer, desprovida de talento, que se põe a admirar tamanha inspiração.
Ela disse, cantando, que há dois tipos de pianistas: os que fazem cover's e os originais. Disseram que ela não tinha talento algum para ser pianista, mas um dia ela descobriu que faz parte da segunda categoria, e calou a boca daqueles críticos que, na verdade, não sabem o que dizem, porque não sabem o real sentido da crítica.

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