Primeiramente, eu adoraria ter lido este conto na virada dos 21 para os 22 anos, mas infelizmente, estou aqui em plenos 27 e só agora cheguei aqui. Atrasada como sempre.
O conto basicamente é uma conversa séria entre pai e filho, em que o pai ensina o que sabe da vida para o filho que completará 22 anos à meia noite. Ele fala sobre carreira, política e vida social. Acompanhe.
Na época em que o conto foi escrito já havia uma infinidade de carreiras e, aparentemente, o jovem Janjão está completamente perdido em qual carreira escolher. Imagina se ele vivesse agora, seria um famigerado "Nem-nem"(leia a reportagem "Os "nem-nem": jovens que nem trabalham, nem estudam já são 11 milhões no Brasil", da Revista Educação). E é uma conversa com um jovem "nem-nem", porque ele, o pai, diz que é a "primeira sílaba do nosso destino", ou seja, ainda é o início da carreira e de toda a vida.
O pai quer que o filho seja notável em qualquer que seja a carreira que ele seguir - desejo de qualquer familiar - e que não seja medíocre, portanto, deve escolher bem a profissão que deve seguir.
O pai também fala sobre a vida: "ônus e percalços", "glórias e desdouros" e "ir por diante". Assim, a vida nem sempre são as glórias, mas o importante é seguir em frente.
Ele também mostra a importância de um pai na vida de um filho que é a de direcioná-lo a tomar decisões para o futuro, aprendendo seus erros para não repeti-los. Além de dar uma vida melhor ao filho, coisa que ele não teve.
Fala sobre o filho, apesar de ter 21 anos, ainda repetir as ideias que ouve "nas esquinas", demonstrando "inópia mental", ou seja, imaturidade. Eu não lembro se eu cheguei a falar do que eu chamei de "geração papagaio", aquela que apenas repete o que ouve, sem pensar naquilo que está reproduzindo (não achei o texto, quando achar, eu juro que posto o link aqui), mas é isso, já naquela época isso existia, isso sem redes sociais, imagine se existissem...seria uma bagunça!
Em "há coisas que a observação desmente a teoria", eu interpretei, de acordo com experiências pessoais, que nem tudo que eu li por aí sobre a vida, ciência e afins são fatos incontestáveis. Muitas coisas a gente aprende e apreende vivenciando. E muitas coisas, até aquelas que nossos pais dizem - que também são uma forma de teoria - podem estar equivocadas ou não ser válidas para a época em que a gente vive, porque cada época tem seus percalços, costumes e teorias.
Há o fragmento "a solidão é oficina de ideias, e o espírito deixado a si mesmo, embora no meio da multidão, pode adquirir uma tal ou qual atividade", ou seja, é na solidão que a gente tem ideias e cria as próprias opiniões e pensamentos acerca de tudo. Inclusive, foi em momentos de solidão - acompanhada ou não - que surgiu esse blog, sem ela não estaríamos aqui neste texto, viu só? Pois é.
Então, o pai acha inútil o filho ter ideias próprias, ele deve seguir a maioria - e ter aquela vida de gado (ouça "Admirável Gado Novo" de Zé Ramalho), porque é a mais aceita socialmente e é digna de ser bem sucedido na vida.
Ele também fala sobre a importância de ser simples, reproduzir opiniões comuns e sobre o status de adentrar uma livraria, não para comprar um livro e realmente ler, mas para ficar de papo furado e parecer intelectual, só parecer.
Nos fragmentos "essas fórmulas têm a vantagem de não obrigar os outros a um esforço inútil" e "arte difícil de pensar o pensado", me lembra muito o Youtube, porque há pessoas que leem livros e obras de artistas renomados, para que outras - que dizem não ter tempo - possam ter acesso a essas obras, sem esforço algum, seja de pensar ou de reproduzir ideias. Olha só como um texto do século XIX pode ser trazido à nossa realidade, que interessante. Isso me lembra até mesmo os blogs - como este aqui - que fazem seus resumos e resenhas, os quais são aproveitados seja para lições escolares ou mesmo para vestibulares (eu sei que você chegou aqui porque mandaram ler alguma obra de Machado Assis, ok? Mas fica entre nós. Juro que não conto para ninguém).
Eu me identifiquei muito com o fragmento "o mesmo direi de toda a recente terminologia científica: deves decorá-la", porque eu tive um pézinho na ciência (eu fazia Ciências Ambientais), então digo que a gente sentava na sala de aula, o dia inteiro, ouvindo teorias - que às vezes já eram até ultrapassadas - e decorando para passar nas provas e terminar a graduação. Isso também ocorre na escola...ninguém pode pensar "fora da caixinha" tem que aceitar como leis, o que é ensinado, sendo condicionado à reprova e a não suscetibilidade da vida. O que, claramente, não é verdade. A vida segue...você passando ou não naquela matéria. Só a graduação que não.
Tem também a importância da publicidade na vida de quem deseja ser um "medalhão": o importante é ser canastrão e bajulador, participar de eventos para ser visto. É o que acontece na vida em geral, nas redes sociais, porque pensa: tem muita gente que vai a eventos para tirar fotos para postar e não aproveita bem o evento ou aproveita para ter amigos comentando sobre suas estripulias nas redes sociais e adquirir algum tipo de status para "ser visto" pelo maior número de pessoas. Isso também acontece nas profissões e na ciência. Nem sempre a pessoa é tudo aquilo que parece ser, ela só o faz por status, porque criar um nome notável é mais importante do que ser inteligente e ser notável sem esforço, ou seja, ser notado por excelência.
um Tratado científico da criação dos carneiros, compra um carneiro e dá-o aos amigos sob
a forma de um jantar, cuja notícia não pode ser indiferente aos seus concidadãos", ou seja, o importante, como eu disse anteriormente, é puxar saco, não ser grande ou progredir na vida, não se destacar, mas fazer o que está "na moda" para agradar a sociedade, a maioria das pessoas. Também pode ser visto isso em "põe teu nome ante os olhos do mundo", ou seja, "cresça e apareça", como diz o ditado popular.
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