Anêmona

 “Não se aproxime das sereias, mergulhadora, você não é como elas, você é criatura do mar, assustadora e ameaçadora”, disse a anêmona.

“Mas as sereias também são criaturas do mar, anêmona, então, sim, elas são como eu e como você”
“Não, elas não são criaturas do mar. Elas pertencem à Grande Divindade, mergulhadora. São superiores à nós e, portanto, não se misturam com criaturas como nós. Se você forçar proximidade, vai se machucar, mergulhadora. Criaturas machucadas por sereias, jamais voltam a seu estado original, jamais voltam a ser inteiras. Volte enquanto há tempo, mergulhadora, é mais seguro”
“Eu também não pertenço ao mar, anêmona. Sou humana. Sequer sei como respiro aqui ainda. E você reparou uma coisa? Sereias são metade humanas e metade criaturas do mar. Metade de mim se parece com elas. Talvez essa minha metade seja o suficiente para conquistá-las e fazer parte do reino delas”
“Sereias não gostam de metades, mergulhadora, elas gostam de mais do que inteiros. Nunca tente agradar as sereias. Ou elas gostam de ti ou não gostam. São seres superiores e perfeitos, mergulhadora, não queira mexer com elas”.
“Já tentou interagir com as sereias, anêmona?”
“Não, mergulhadora, só o que sei é que quando uma sereia te encara por muito tempo é porque não gostou de ti. Fuja enquanto há tempo. Elas sempre estudam o que odeiam antes do golpe final”.
“Eu sempre olho para o que me desperta desejo e curiosidade, anêmona, talvez a sereia que me encarou sinta o mesmo em relação a mim”
“Não, mergulhadora, elas encaram algo que ameaça a segurança e integridade delas. Você é uma ameaça, mergulhadora, fuja delas antes que seja tarde demais. Elas só estão esperando a oportunidade de te dilacerar”.
“Não vão, anêmona, posso provar para ti”
“Eu avisei, mergulhadora, eu avisei”