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23 de agosto de 2013

A Última Confissão

Ela me disse que não sabia, que não queria, que não pretendia, que não gostaria, que não iria.
Não deveria, não teria, não poderia, não era sua vez. Foi lá assim mesmo, cabeça baixa, queixo no pescoço.
Apanhou, claro, como disseram que seria. Ela disse que desistiria, que não queria mais apanhar. Cansada dos pontapés e soco que a vida lhe dá, procurou a montanha rodeada de neblina. E um velho que dizia: "não vá até lá", mas ela foi, mesmo dizendo que não iria. Ela escorregou e ficou toda machucada, mas continuou de pé, cabeça baixa, queixo no pescoço, vagarosamente.
Ela continuou caindo, e se machucando, mesmo dizendo que não arriscaria. E entre tantos empurrões, ela se levantou e continuou a caminhar. Mesmo com o sol a cegando, e a chuva repentina cortando seus olhos como navalhas, ela permaneceu de pé, de queixo no pescoço, era só um esboço de toda sua conspiração.
Conspirava demais, vivia de menos. Sonhava muito, mas não enxergava o mundo.
Ela só sabe lamentar, reclamar e andar com o queixo no pescoço. Ela só sabe fazer esboço. Ela sabe rir, fingir ser feliz por alguns minutos. Até que caiu de novo, mas dessa vez preferiu não levantar.
Ela sabe levantar sozinha, não espera que ninguém a ajude. Apenas está aguardando as pessoas que a derrubam irem embora para poder finalmente se levantar e ter a certeza de que nunca mais irá cair.
Só o que falei foi: "Tudo a seu tempo. Faça o que quiser." E ela fez. Talvez não da forma como eu esperava.

Um comentário:

  1. Ninguém perguntou, mas de tudo que escrevi aqui até agora, este foi o melhor post. :D

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