"Tire a máscara. Revele quem és", já dizia o velho amedrontado, em meio à rua escura.
"Tire a mão da máscara. Sabemos que está bipartida", mais pessoas entravam na história, todas amedrontadas diante de tantos fatos.
Minhas mãos cansadas já não eram capazes de segurar a máscara. E se a deixasse cair? Teria que pagar por todos os crimes e pela covardia de não dizer quem sou.
Uma sombra surgiu à minha frente. Era quem eu mais esperava aparecer. Segurou a máscara por alguns segundos, ofereceu-me seu capuz. Retirou a máscara de meu rosto e colocou uma nova.
Era a máscara da covardia, representada pela cor ocre, a qual tem o potencial de brilhar como o amarelo, mas não tem coragem o suficiente.
Ele era mais real do que se podia supor. Voltou a seus passos lentos, mancando, e onde ia, se via uma trilha de sangue, acompanhando-o. Até que desapareceu no meio das pessoas. Esperava revê-lo um dia e pedir que me livrasse dos crimes. Tudo o que aqui começou, foi por ele.
Me perderam de vista, porque ele as distraiu. Ele estava tentando me livrar da culpa, para que então, eu criasse a coragem que precisava, e trocaria a máscara ocre, pela máscara negra, a qual simboliza a astúcia.
Virei-me para a multidão, gritei o mais alto que podia: "Vejam, covardes!", tirei o capuz e a máscara. "Esta sou eu!". "Madre?", "O quê?", essas foram algumas das reações. Meu medo de ser descoberta, foi embora, juntamente com a noite.
Só me restava o orgulho e astúcia, de revelar que nem sempre uma boa índole, significa boas atitudes. A sombra das máscaras, jazia ao chão, com a máscara bipartida em mãos e uma poça de sangue. Na mão direita, jazia a máscara negra, de um jeito como se apontasse a minha direção. Como se ele dissesse: "Você é digna de possuí-la".
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