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7 de agosto de 2015

Fome

Não, você não vai simplesmente acordar um dia e estar completamente bem. Você sempre vai estar desconfortável com a sua existência. Não quero mentir para você como todos sempre fazem.
Você vai encontrar novos motivos para ser feliz, mas os antigos continuarão ali, lhe atormentando, tirando seu sono, sugando sua energia e felicidade.
Você acordará um dia completamente feliz e pensará no seu passado, em todas as coisas boas que fez e todo o amor que pôde dar, mas tudo o que você poderia ter feito continuará a lhe atormentar, como se nada o que fez fosse importante e bom o suficiente.
Não, você não acordará sorrindo como se o ontem não lhe afetasse. Nem vai ser tão forte quando dizem que você é. Nem terá um final feliz como o daqueles filmes. Esqueça tudo. Esqueça todos. 
Não, você não é melancólico. Nem dramático. Nem depressivo. Nem triste. E não, você não quer morrer. Nem deixar de existir. Nem deseja nunca ter nascido. E nem há vazio a preencher.
Não, não é culpa da sociedade. Muito menos sua. Nem de Deus. Nem da natureza. Nem do fato de você ser humano, pensante e racional. Não, você não pensa demais.
E não, a sua fome não é de comida, afeto ou amor. Muito menos tédio. Não é falta de tempo, nem dinheiro, nem maturidade, nem muita idade. 
Sua fome é existencial, porque você sabe que há muito mais dentro de si do que tudo o que pode ver. Você só não sabe. Ninguém vai lhe dizer. Você vai descobrir, sem ao menos se dar conta disso.  
Desligue a televisão por um tempo. Deixe as redes sociais por um período e você verá: adeus, rótulos. Malditos rótulos. Bem-vinda, personalidade. Minha. Completamente minha. Sem máscaras, fingimento ou regras. Sem tabus. Sem nada que me faça crer no vazio. Sem fome de ser quem eu não sou.

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