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4 de novembro de 2018

D'capacete

Assim como minha cabeça, no espaço estou, mas ainda incapaz de entender o poder de um vácuo. Pode ser até que eu entenda, mas continuo acreditando no poder da minha vida sobre as adversidades do universo. O único erro maior foi escolher o universo errado para incomodar. E, mesmo sabendo ser esse o meu erro, persistir, como se mudasse alguma coisa.
Com tantos cilindros de oxigênio em meu satélite, sigo essa órbita, na falta, a me punir pelo que senti pelas estrelas, como se os outros astronautas não tivessem passado por isso.
Os outros universos parecem distantes, invioláveis e indisponíveis para mim. É como se tivessem mandado uma astronauta completamente despreparada e ignorassem o erro. Apenas seguem, tentando ajustá-la. Mas sabem que é um erro e que custa caro mantê-la nessa viagem.
Ainda desejo não voltar à Terra. Ainda tenho meus anseios sobre lá. E meus medos. Talvez meu lugar seja aqui, completamente sozinha e me envenenando aos poucos com o gás carbônico que eu mesma exalo. Aguardando o fim do oxigênio. E então a missão acabará, mas não voltarei à Terra.
Claramente esse medo é um sinal da falta de oxigênio.
Talvez eu seja uma das estrelas que eu nunca deveria ter olhado para não me cegar com o brilho. Apenas não percebi a tempo, porque estava ocupada com a poeira terrena me sufocando ao invés de encontrar o verdadeiro espelho: o refletir do capacete de astronauta.
Eu deveria ter entrado nessa órbita muito antes, mas cá estou. Talvez não mais em tempo.

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