Postagem em destaque

Mapa do Blog

16 de dezembro de 2018

Saindo do trilho

Seu trem me atropelou. Me atropelou e eu fiquei.
Não sei porque não vou.
Não que eu não queira ir, quero mesmo, não quero mais ficar.
Mas seu trem me atropelou e eu, ainda confusa, fiquei.
Quantos daqueles textos sobre pessoas passageiras devo ler até passar um novo trem?
Há quanto tempo mais nada trafega nessa ferrovia?
Pertenço eu a outra estação?
Me ponho a caminhar, a procura de outro caminho, mas seu trem sempre está lá, pronto para me deixar esmagada, esperando ajuda, socorro, que nunca virão.
Seu trem não para. Nem quando provoca acidentes. Seu trem continua, sempre para frente. Nunca tem volta.
Seu trem não dobra.
Até que levantei a cabeça e vi que não sou trilho.
E vi que não preciso ficar nos trilhos.
Se não quero ser atropelada, melhor ficar bem longe do seu trem.
E, assim, andei, explorei e desviei.
E seu trem, meu bem, nunca mais vi.

Nenhum comentário:

Postar um comentário