Postagem em destaque

Mapa do Blog

22 de março de 2022

A cura para amores impossíveis? - uma resenha do livro Sagrados Corações, de Sarah Dunant

 O livro Sagrados Corações, de Sarah Dunant, conta a história da Irmã Zuana, uma freira que é boticária e fica encarregada de cuidar de Isabetta, que foi denominada Irmã Serafina pela madre superiora. 

Irmã Zuana nunca havia sido convidada a cuidar de uma noviça antes, especialmente de uma noviça tão rebelde e barulhenta quanto Irmã Serafina, a qual gritava muito durante a noite, porque não queria ser freira, ela queria apenas se casar com seu amado.

Irmã Serafina (ou Isabetta), foi prometida, pelo pai, a um homem de classe social abastada. Porém, em sua juventude fervorosa, ela se apaixonou por um músico, que pelo pai dela era visto como pobre e leviano. Porém, pela promessa do pai, se ela não se casasse com o homem determinado, ela iria para o convento ser "noiva de Cristo" junto às outras freiras. E assim o foi, com a promessa de que seu amado iria buscá-la em breve e, então, ela fugiria do convento e viveria aquele amor que no momento parecia impossível.

No convento, ela fica à espera do amado, que parece nunca vir, enquanto aprende com Irmã Zuana as atribuições de uma boticária, com real interesse. Até demais.

E então ela vai deixando de ser rebelde, e se adequando às regras do convento, como se estivesse conformada com o fato de que seu amado mentira e não a buscaria. Com ditos da madre superiora de que ele era leviano, dava aulas de música e se relacionava com suas alunas.

Irmã Serafina entrou em profunda depressão e, embora houvesse esforços de Irmã Zuana para cuidá-la, ela resiste aos cuidados. Então ela descobre que haviam mentido sobre seu amado e que ele estava sim a sua procura, mas sofreu um terrível acidente no meio do caminho.

Irmã Zuana, vendo que Isabetta acabaria morrendo de depressão dentro do convento - o que seria uma calamidade pública, já que pareceria maus tratos - dá à ela a mesma erva que Julieta usou para forjar sua morte, para que Isabetta fizesse o mesmo para sair do convento e fez parecer que ela sofreu intoxicação alimentar. 



Se eles ficaram juntos para sempre? Não há detalhes, o livro acaba nesse mistério.

Agora, algumas considerações minhas sobre o livro:

É um livro bastante interessante, que apresenta uma irmã que aparentemente não tinha coração e não entendia o amor, até que conheceu a Isabetta e viu o que ela passou por causa de um amor proibido. Ela passa então a amadurecer suas ideias sobre o amor e termina a história sem entender, apenas resolve ajudar as rebentas a fugir do convento e viverem seu amor proibido.

O único amor que Irmã Zuana conhecia era o amor por Deus e por seu pai, o qual ensinou o ofício de boticária, já que ele era médico e tinha instrução para ensiná-la, a qual era interessada também por anatomia - parte de seu ofício - mas não podia dissecar corpos porque não era permitido.

Esse amor de Deus e do pai, foi o suficiente para Irmã Zuana se constituir como mulher, sem o amor romântico e erótico, o qual não fez falta na vida dela. 

Diferente de Isabetta, ela era apaixonada pela ideia de ser freira.

E, para mim, junto às minhas experiências pessoais, aprendi que não se deve forçar uma pessoa a exercer uma profissão a qual ela não tem vocação e nem a ficar com alguém pela qual ela não é apaixonada, alguém que às vezes a pessoa sente até repulsa.

O que se pode fazer é deixar as pessoas livres para viverem suas vocações, suas paixões e o amor. Principalmente o amor, seja lá qual for. No caso da Irmã Zuana foi mais o amor religioso e familiar do que o amor romântico, o que não deixa de ser amor.


Nenhum comentário:

Postar um comentário