Lá vem vocês

Piadas infames, julgamentos sem motivos, pedras e bombas. Palavras vazias, falsa simpatia, sorriso de mentira. Por trás de cada verdade dita, se oculta uma mentira e sua covardia.

Segundo suas palavras, não pertenço a este mundo. Concordo. Vim de outro planeta, em outra galáxia, em outro espaço e dimensão. Tão distantes disso tudo, que seria difícil discutir isso, segundo seus termos e condições.

Também ouvi que não sou normal. Nem era essa minha intenção. Por que vocês querem decidir o que cada um tem que ser? Aliás, quem são vocês? Deus lhe deu um lugar no mundo para que você cuidasse bem de si mesmo e deixasse que os outros cuidassem de si mesmos. 

Vocês transformaram o simples em anomalia. E decidiram que, por sermos da mesma espécie, temos a obrigatoriedade de pensar igual, e fazer das diferenças, motivos idiotas para exclusão social.

Nunca falei nada sobre isso: mas sim, vocês sabem a que me refiro, e devem ter uma ideia de como sempre me senti quando ficava isolada, observando quão alegres vocês pareciam, ali sempre acompanhados, demonstrando inteligência. 

Alguma vez já pedi um abraço? Nunca. Há coisas na vida que simplesmente não se pede. Nem se cobra. Ou são dadas de bom grado, ou que se dane. Nunca esperei nada de ninguém. E isso sempre foi algo recíproco.

Lembra quando implorei por alguém que me entendesse? Sim, amigo, estamos no mesmo poço escuro, sem água, e sem meios de sair de lá. Já te abracei hoje? Não tive a oportunidade. Ou coragem. Mas bem que eu quis. Você sabe como sou, né? Nada do que eu acredito ser.

Tive vontade de fazer tanta coisa que não fiz, mas que poderia ter feito. Tive vontade de viver por alguns segundos, mas em outros, acordei desejando que minha vida acabasse logo, e que eu parasse de sonhar tanto, pois meus sonhos não cabem na minha vida. Talvez eu nunca entenda o que é superfície específica, mas acho que é bem isso.

Queria ter nascido com asas de morcego, assim como o hábito noturno, o qual sempre admirei. Mas quem sou eu para decidir alguma coisa? Minhas escolhas foram ilusões, totalmente mal pensadas. Mas o que você espera de mim? Não minta. A verdade machuca, mas ainda é o melhor que se pode oferecer.

Sabe uma verdade sobre tudo isso? Você me imagina chorando, derramando lágrimas, mas escrevi sorrindo, sempre com cuidado, para não mostrar meu egoísmo e indiferença, e, acima de tudo, o quanto estou feliz por ter tomado essa decisão. 

Sabe o que vai te machucar? Saber que essa foi a melhor escolha que fiz na minha vida, bem como a escolha de cada palavra. Não sinta culpa por mim. Nem eu sinto culpa por mim. Porque agora sei bem quem sou. E onde quero chegar. Você nunca vai entender essa sensação, por mais que eu me esforce em lhe explicar. Só sei usar o meu próprio conjunto de palavras vazias e sem sentido. 

Agora entendo porque minha repentina vontade de deixar tantas coisas escritas. Meu sonho sempre foi ser escritora, mas para perceberem minha existência, precisam ver o que o mundo perdeu. Porque só com a perda, se tem algum reconhecimento. Ou rostinho bonito. Não tenho. Sei disso.

Lembra os raros momentos em que pude sorrir? Até que minha face enrijeceu, e sorrir me doía, pois há muito não o fazia. Sinto saudades de quando eu era inocente e sabia que podia confiar nas pessoas, principalmente as que me faziam sorrir. Talvez a felicidade seja irmã gêmea da inocência e da infância. Vai falar que não tem vontade de sair correndo, rindo de tudo e todos, subindo em árvores e cantando aquelas músicas que você sempre gostou?

Você não precisa cortar de sua vida aqueles momentos felizes, mas lembrar que nunca acontecerão novamente, e que, por mais que você queira, não haverá momentos tão felizes quanto, é uma tortura. A mais cruel delas. Se puder, não crie lembranças. Se criar, não deixe a tristeza tomar conta de você.

Não seja eu.

Obrigada, caso você tenha feito algo por mim.

Lamento, caso você sinta minha falta.

Mas acima de tudo: Adeus e obrigada pela pipoca (essas foram minhas últimas palavras, caso alguém queira saber).

Uma intrometida qualquer, que sempre acreditou entender a vida.

D.E.P Idiota Melodramática