Permita-me desaparecer para que eu me encontre perdida no espaço novamente. Quantas vezes me peguei pelo colarinho de uma camisa rasgada ou pelo capacete de astronauta?
Já dei tantos gritos comigo mesma na transmissão que acho que já desistiram dessa missão e me deixaram sozinha novamente.
E já disse milhões de vezes que queria desaparecer, mas continuo me encontrando. Talvez porque eu ainda me procure demais em meio ao vácuo e a essa órbita estranha e extraviada.
Encontro-me no azul que chamei de azul sideral. Não existia até eu inventar. E com esse título contei a história de uma garota cinza que encontrou-se no momento de partir do planeta cinza para conhecer o planeta azul. Seria como se a Idiota Melodramática tivesse saído direto para a Era Sideral, sem nunca ter passado pela Sunshine Season ou pela Came Out Season. Então, Grisálida, o nome dela, estaria completamente despreparada para o Globo (planeta azul), porque girava em torno de uma astronauta, dona de tudo e todos. Ao ver-se sem ar, resolveu partir para que não mais sofresse, voltando ao Plano (planeta cinza), de onde nunca deveria ter saído.
Assim como Grisálida, ao dar um passo largo demais para as minhas pernas, percebi que preciso retornar ao Plano (planeta cinza). Azul só passou a ser a minha cor favorita por influência, não por opção própria. Um dia, alguém que admiro, disse ser essa sua cor favorita e eu fui junto, caindo de cabeça em meio às pedras, sem medir as consequências e o sangue que derramaria.
Não foi a primeira vez que cai assim. Só foi a primeira que acordei de verdade e enxerguei que o problema não é a forma como as pessoas interpretam os atos do que alguns chamam romantismo, é a forma como quem se apaixona vive: sempre atirando-se, sem medir seus passos, sem pensar nas consequências e muitas vezes com a certeza de que não vai funcionar, mas mesmo assim arriscando.
Agora, ainda em órbita, vejo que estrelas não se apaixonam por astronautas. São objetos diferentes e distantes. Com tamanhos diferentes e complexidades difíceis de entendimento real de um para o outro. A missão sempre fora pensar fora da órbita terrestre e enxergar a realidade como ela nunca deixou de ser: fora da fantasia e da ficção. A órbita de alguns astronautas não é a mesma que a minha.
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